13.4.14
Quando desci as escadas para ir ter contigo, já lá estavas encostado à parede, a trocar pedrinhas que estavam no meio da calçada. Deste conta dos meus passos apressados, estava atrasada outra vez, a saltarem pela rua, para contigo ir ter. O café era o mesmo, mas o ponto de encontro era diferente. Dava-te mais jeito, a mim também, o sol era o mesmo e o calor da tarde abraçava-nos aos dois. Sempre sentimos as coisas de forma diferente e única e talvez seja por causa disso que nos adaptamos sempre da mesma forma. Os sentimentos nunca se alteram e as zangas permanecem sobre as mesmas pedras. Os beijos repetem-se depois das zangas e as desculpas sucedem-se depois do amor. Fizemo-lo ontem, hoje e amanhã havemos de o fazer. O vestido era leve e acompanhava os meus movimentos. Os teus olhos trocaram o chão pela minha figura e esboçaste um sorriso, como se fosse a primeira vez e estivéssemos naquele café, embora agora sozinhos, escondidos no meio das ruas. Beijei-te o canto da boca, tu a minha face, num beijo entregue a mim, como se tu me pertencesses assim. Devo dizer que foi difícil perceber que era a sério, de novo, desta vez. Mas também não me importei, e resolvi fazer o que não tinha dito e viver-te outra vez. Vais e vens, mais vale aproveitar enquanto estás. O céu também não é azul todos os dias. Não há gelado todos os dias e come-se rapidamente enquanto não derrete nas mãos. As tuas mãos estão sempre sujas de carvão. O meu vestido já tem a marca do carvão gravado nas ancas. Mais vale aproveitar, sim. Amanhã já cá não estás, amanhã já não tenho carvão e amor sobre o qual escrever, amanhã já não me amas tu e amanhã já não nos amamos mais. Mas amanhã também não importa.
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