12.5.21

 Dei por mim a querer reviver uma história que há muito pulsava dentro do meu peito. A querer reviver muito. Dei por mim a fingir sentir o teu toque nos meus dedos, a desenhar de novo as tuas curvas e a querer em mim a tua silhueta. Dei por mim a pensar de que cor era cada pedra da calçada que pisamos, de que cor eram as paredes das ruas e de que cor eram os sorrisos de quem nos via a passar de mãos dadas. As ruas de repente pareceram tão tristes sem ti e já passou tanto tempo que nem eu me percebi quando é que me perdi. Já nem me lembro quando foi a última vez que falamos, sabes? Parece que foi há tanto tempo e é tão triste sentir isto, porque dou-me conta do pedaço que saiu de dentro de mim e ainda não voltou. E é tão triste acharmos que este processo de crescer significa perder pequenas coisas, às quais damos nomes, como "inocência", "juventude", "amor". Que o que significa sermos adultos é magoarmos o nosso coração, ao impedirmo-lo de cair, porque quem cai são as crianças e a responsabilidade não combina com feridas nos joelhos.

Dei por mim a querer reviver tudo isto de novo porque eras um sonho bom. Uma fantasia minha que me ajudou a crescer no meu amor e na minha visão do mundo, uma fantasia só minha, que deu comigo passeios na calçada, de mão dada, de sorriso dado, de beijo dado. Escrevi sobre mar e o teu surf. Escrevi sobre sal e sobre corpos nus. Escrevi sobre o sonho da minha intimidade e sobre a minha inocência, que, sem querer, escondi no coração e achei que tinha perdido para sempre. Acho que sem querer prendi o meu coração às coisas supérfluas do mundo adulto e não o deixei mais vaguear pelos meus sonhos e pelos meus dedos.

Dei por mim a querer reviver-te, como bom sonho que és e ainda podes ser. Dei por mim a querer escrever. Dei por mim a sentir o meu pulso em cada letra. Dei por mim. Quando dar por mim já não fazia sentido e agora aumenta este ritmo cardíaco, como uma criança, genuinamente feliz, é bom não é? E por isso fica aqui. Não te vás embora. A rua agora fica um pouco menos triste, com as nossas mãos dadas, os nosso sorrisos dados, os nossos peitos dados.

(Levo-te a casa - Carolina Deslandes e Jimmy P)

25.3.21

 

Susana no país das montanhas e dos lagos, dos chocolates e dos queijos, e dos relógios. Poderia dizer perdida, mas o coração sabe sempre quando está em casa. Passaram-se uns belos 10 anos e resolvi voltar àquele que já foi a minha casa e isso só deixou um bichinho ainda maior para lá voltar. 

Ps. Já há muito tempo que não tirava e editava fotografias. Já há muito tempo que não publicava. Espero mudar estas tendências.