24.3.18

Não consigo esquecer-me. Estou neste impasse parvo que me impede de dar um passo, de olhar mais profundamente, de sentir sem medo. Tudo porque não consigo esquecer-me. Não consigo esquecer-me do bom, da calma, das mãos dadas, dos sorrisos, das sessões de cinema que terminavam em beijos, das músicas com sabor a verão, do calor da tua pele, da calma do teu abraço. Não consigo esquecer-me. Parece que estás tão marcado como as tatuagens na tua pele. Parece que estás tão marcado como as tuas tatuagens mal definidas, que estavam a precisar de retoques. E acho que a minha memória não se consegue esquecer deste amor mal definido. E o problema é tão esse: o que está marcado em mim são só memórias boas. A revolta é sentir-te com amor e saudade e ter de me esforçar para borrar-te com os sentimentos de desilusão e tristeza que me inundaram mas depressa se desvaneceram. A revolta é sentir-te ainda com tanto amor e tanta saudade. Tal como as tuas tatuagens, preciso de definição; preciso de sentir o que não faz parte de mim naturalmente; preciso de encher a tua memória com a tristeza que me deixaste, com o teu egoísmo, com a tua cobardia. Preciso de esquecer-me. Preciso de esquecer-te.

(Kodaline - The Riddle (From a Kuala Lumpur Rooftop))