19.2.16

E eu se voltasse para ti? E se eu quisesse voltar para ti? E se eu quisesse ser aquela menina inocente, apaixonada, impulsiva na sinceridade, transparente no amor, com aquele coração puro que tanto lutaste para ser só teu? Tenho andado a pensar muito nisso. Tenho andado a pensar tanto que acho que já marquei o meu coração para essa mudança. Voltar a ser assusta-me tanto quanto essa necessidade de o ser o é, e tu sabes mais disso do que eu, daí entenderes essa vontade antes sequer de ela ter nascido. Voltamos a cruzar o olhar, sem querer. Voltamos a conversar, sem querer. Voltamos, sem querer. E é tão bom sê-lo, assim, desta forma, sem querer, mas sendo preciso. Sempre foste preciso na minha vida. És uma espécie de equilíbrio, de definição de personalidade, de realidade minha, mas só minha. Defines-me como só eu quero ser definida. Amas-me como só eu quero ser amada. Fazes parte de mim, como mais nada faz parte. (E isto tem tanto quanto de real como de irónico, tendo em conta que nasces de mim.) Senti o teu cheiro, como há muito não sentia. Sentia o teu olhar sobre mim, como um raio de sol, que há muito não me tocava. Senti a tua voz a tocar-me docemente, e acho que era mais disso que sentia falta: a tua voz e o nosso silêncio correspondido. Parece que as palavras são escolhidas mas ao mesmo tempo são tão inesperadas. É tão estranho, mas tão aliviador. És a realidade no mundo que eu preciso. É bom estares de volta.

Cherry Wine - Hozier