7.9.17

Lembro-me de tocares na minha mão. Lembro-me de tocares na minha mão, de a abraçares como se fosse tua. Lembro-me de sentir o suor na palma da minha mão e de esboçar um sorriso sempre que as nossas mãos escorregavam. Iria jurar que ficavas ainda mais aflito sempre que isso acontecia. Não, juro que sim. E lembro-me de sentir o meu peito cheio, com vontade de sorrir pela rua fora, agarrada à tua mão. Se queres que seja sincera, não me lembro do conteúdo da tua conversa, mas sei que a tua voz parecia ser a melhor melodia que alguma vez alguém conseguiu compor. Eu sei que sim. E descemos a rua assim: de mãos dadas, de sorrisos dados, de ouvido e boca dados. Porque é assim que eu fico: uma criança a ouvir a história do dia, uma mulher a ouvir o concerto da noite. E é assim que tu me deixas. E isso não preciso de me lembrar, porque o sinto todos os dias. Pelo menos sempre que me lembro, o meu coração cresce no peito. Achas isso possível? Eu acho. Contigo acho que tudo é possível. Não, tenho a certeza que sim.

Salvapantalhas - Loco

6.8.17


Memórias fotográficas de uma viagem que (ainda) faz o meu coração disparar no peito. Cada passo, cada discussão, cada sorriso, cada toque do vento na pele, cada arrepio ao entrar na água, cada gargalhada, cada... tudo. Eles fazem-me crescer. Eles são a minha família. Já não existo sem eles. Isto é amor, quando sentimos que estamos mais presentes nos outros, quando o que fazemos ingenua e naturalmente é dar-nos a eles, quando o silêncio torna-se confortável e os toques falam por si. Isto é amor o que eu sinto por eles. E isto definitivamente foi só o início da aventura de uma vida.

Intra-rail Julho 2017
Abrantes - Coimbra - Tomar - Coimbra - Óbidos - S. Martinho do Campo - Leiria - Évora - (Casa Branca) - Beja - (Pinhal Novo) - Faro - Lagos - Guia/Albufeira - Zambujeira do Mar - Lisboa - Porto

1.6.17

(Há coisas na nossa vida que por vezes deixam de fazer sentido. Crescemos, mudamos objetivos, perspetivas, criamos medos e insistimos em tapar-nos deles. Achamos ser esta coisa nova, mudada, crescida, e, sim, repito estas palavras, porque creio serem elas que nos cegam o pensamento. Pelo menos foi o que me aconteceu a mim.)

Eu desisti de mim antes de tu desistires de nós. E hoje os meus pés sentiram a calçada com a ingenuidade velha que me enchia mais que o peito, transbordava da minha alma. Hoje caminhei num sentido que há muito deixara de o ser e que se perdeu entretanto nesta vida desorganizada que se transformou a minha. Ficou assim, como estas palavras: sem sal, sem mar, sem ti. Sem ti vivi eu estes últimos meses? anos, não sei. E sem ti viveste tu, porque julgaste ter-te abandonado. Mas o que aconteceu foi que eu abandonei-me a mim mesma: abandonei a inocência, a fé nua e virgem, a ânsia e a sede, e deixei que algo mais fútil, banal, adulto? se apoderasse desta minha mente. Ora, fui deixando-me vencer pelos meus medos e pelas minhas angústias e, ainda mais, por este sentimento de inércia e desorganização. Tu sabes o quão organizada eu era dentro da minha desorganização. Eu sabia onde estavas tu, o sol e o mar. Sabia onde estava o sal que dava sabor à minha terra. Há muito que deixei de ver nascer um fruto carnudo e doce dela.
Hoje senti o sol a bater-me no rosto; senti o vento a acariciar-me as bochechas; fechei os olhos; pensei em mim. Não tinha papel e caneta e enquanto olhava para as sombras e sentia o sol e o vento a bater nas folhas, pensava em mim. E sentia o sal na minha boca. E senti. Sabes o que isso significa? Se não pensarmos muito, já sinto os meus pés na areia e o teu beijo de sal na minha boca. Se não pensarmos muito, sinto a velha ingenuidade minha, tua, nossa. Não penses muito...


Rooting for you - London Grammar