2.11.14

São dias que passam
São horas que vão
São lábios que cantam
São mãos que se dão
E deixam saudades
De não ser assim
Toda a vida, a vida, de agora..
E as últimas fotos. E as maiores saudades.

27.10.14

“Quando vires os teus olhos a verem-te, quando não souberes se tu és tu ou se o teu reflexo no espelho és tu, quando não conseguires distinguir-te de ti, olha para o fundo dessa pessoa que és e imagina o que aconteceria se todos soubessem aquilo que só tu sabes sobre ti.”
José Luís Peixoto

26.10.14

Queria-te a ti. Queria-te a ti no simples ato de querer. Queria-te a ti como um simples gesto de amor que quero que me queiras dar e que eu quero retribuir. Quero-te a ti. Às vezes mais e outras vezes menos, mas não importa, porque o amor tem sempre destas coisas. Não é certo. Ele quero que eu me queira querer dar mas nem sempre me quero dar e fico com o querer-me a mim. Houve momentos que não me quis a mim, porque sabia que tu tinhas levado o melhor de mim e porque eu sabia que era em ti que eu queria estar. Essa desculpa que o amor nos faz querer acreditar. Mas já não sei quantas quero e a quantas quero andar.
Queria ter-me a mim. Queria voltar a ter aquele menininha que tinha o que queria na ponta dos dedos e que te escrevia e amava dramaticamente, que escrevia-te como uma personagem real e física, que amava entre os lençóis, entre os raios de sol, entre as ondas do mar e o sabor a sal. Já sabes sobre o que mais gosto de te escrever, onde mais gosto de encontrar, que és quem eu mais gosto de escrever e amar. E ter esse amor nas pontas dos dedos, que borra o livro de tinta preta e risca vezes e vezes porque nem sempre o que é espontâneo se torna o mais certo e é o que encaixa nas linhas. Quero que sintas que eu sempre te escrevi com amor, transparência e sal, porque tal como gosto de ver o mar, gosto de tirar as cores e gravar o brilho da água salgada, também gosto de sobre ele escrever. E sobre ele fingir que me encontras e sobre ele nos amar.
Mas voltando ao querer. Eu nem sempre, quer dizer, eu quase sempre não sei o que quero. Isto porque, na grande maioria das vezes não gosto de escolher e sabe-me bem ter as duas coisas, ou é-me igual. Mas não gosto de decidir. Mas não gosto de ficar a ver, ou a esperar, ou que ninguém decida nada. Quero saber decidir, mas também falho na maior parte das vezes. Quero saber tanto acertar como tanto sei errar. E quero que percebas isso nesta carta de olá, Tiago.
Quero-te a ti Tiago. Porque sei que me queres. Porque sei que sou sempre mais feliz neste amor sem sentido, pouco real, nada fictício. Porque sei que querer-te a ti, entre as palavras e os desejos, é sempre mais fácil do que querer o real. O amor real é mau e terrível e prefiro dizer-te olá sempre. Porque quis o amor real e em nada valeu. Ele não me quis e no fundo sei que de ti, Tiago, o teu amor quererá sempre simplesmente o meu.

You're the one that I want - Julia Stones

15.10.14

Dei por mim a voltar a encontrar-me em Ti. Deixaste-me num espaço escuro, só, sem forças nem motivos para me levantar. Quis deixar-Te. Quis perder-me de Ti. Quis nunca mais para Ti voltar a olhar. Mas é em pequenas estrelas que Te encontro a mirar-me como nunca ninguém me as mirado. E é nesta pequena luz de uma pequena estrela que eu Te volto a querer amar. E vais e vens e aceitas-me como sou, nestes vais e vens. É neste noite que quero de Ti beber, da Tua fonte de amor. É nesta noite que encontro a minha fé, a fé que me une a ti, que se resume no que mais de simples me ensinaste, o amor. Obrigada por me deixares voltar a casa, quando rebelde decidi as costas virar. Obrigada por deixares Te amar, no pão da Eucaristia e no amor do dia-a-dia. Obrigada por seres a melodia que me faz enamorar sempre.
(E nada seria possível sem Ti, minha Santa Amiga Teresa. E por hoje ser o início de um ano especial, quero deixá-lo marcado aqui: A paciência tudo alcança. Só Deus basta.)

"De noite, mesmo de noite, iremos buscar a fonte. Só nossa sede nos guia. Só nossa sede nos guia.”

21.9.14

E foi o fim do verão.

13.9.14

E foi Mindelo e foi o Verão e são os amigos!
Eu às vezes fecho os olhos, e faço muita força, muita muita muita, para tentar voltar ao momento em que te abracei como se não houvesse amanhã. Muita coisa mudou, e posso dizer que o sentimento talvez, mas às vezes ainda sinto a raiva e outras vezes ela já nem sequer está mais lá, mas ainda gosto muito de ti. E por muito que tente dar forma às razões para continuar e virar a página, eu não quero virar a página. Tenho saudades de te ver e te ter. Ter-te do outro lado do mundo, mas ter-te sempre comigo. Ter-te nas conversas da noite e nas confissões do dia. Ter-te porque me sabe bem ter-te. Não porque nos 'amamos loucamente', ou porque isto será para sempre, mas ter-te porque é bom ter alguém de quem gostamos ao nosso lado, a quem nos afeiçoamos e que é diferente no nosso coração. Tu tornaste-te diferente no meu coração e se calhar é por isso que era tão bom ter-te. Ainda quero ouvir o que os meus olhos te dizem e que a mim nem sequer contam. Ainda quero sentir o teu coração bater do outro lado da pele. Ainda quero sentir o nervosismo no estômago enquanto fazia o caminho de casa. O que me faz falta é o facto de teres levado a minha metade e nada teres deixado lá. Senti que perdi muito antes e depois senti que perdi outro tanto. O amor é tão bonito na minha mente que quando o vivo deixa de o ser - e é disso que mais tenho medo agora: perder o que há de bom na minha imaginação, porque enquanto ela existir, há muito de amor para ainda continuar escrever...
"Eu queria muito te esquecer, mas não consigo. O jeito é deixar doer, para ver se sara."
Para o N. 

31.8.14

"I am strong, powerful and brave. I am confused, alone and afraid. I am lost but I am finding myself. I have come so far but I still have so far to go."

30.8.14

Lembro-me de uma manhã muito específica. Lembro-me muito bem, desde que abri os meus olhos e voltei a fechá-los de sono e preguiça. Desde que me abraçaste por cima dos lençóis azuis claros, uma das minhas cores preferidas, uma das cores do céu e do mar, ou seja, uma das tuas cores preferidas. As minhas mãos tentavam sacudir a comichão do meu nariz, enquanto também tentavam parar as tuas cócegas e o meu riso. Lembro-me especificamente de tudo, como se fosse capaz de vivê-la novamente. O sol entrava e aquecia o meu corpo frio, acabado de despertar. Tinhas estado a aproveitar aquele momento. Sempre gostaste do sol quanto eu, da magia que ele dá aos corpos e às peles e às cores. O sol acariciava o meu corpo curvo e tu perdias-te entre o carvão dos dedos e do papel e a paisagem que te apaixonava. Era verão, mas estava fresco. Era uma fresca manhã de verão, típica da tua casa, da tua morada. Os lençóis apeteciam e eu deixava-me estar, sabendo que um retrato meu desenhavas. Sabendo que o sol me iria beijar mais um pouco. Sabendo que tu irias ficar ali. Para sempre ali. E lembro-me sempre tão bem daquela tua imagem sentada no banco alto de madeira, junto à janela. Dos teus olhos concentrados e brilhantes, amados. Quando fecho os olhos, é isto que sinto. E lembro-me desta manhã como se fosse ontem ou como se a desejasse ter para o amanhã. Mal sabia eu que o para sempre é uma mentira. Mal sabia eu que o amor apenas nunca chega. E mal sabia eu que saberia tão mal lembrar-te assim. E fico com esta memória boa, entre os lençóis azuis da tua cama, onde deixei o meu amor, onde deixei o mar, onde deixei o sorriso e os beijos. Onde deixei-me a mim.
(Mikkel Solnado feat. Joana Alegre - E Agora?)

Ps. G espero que gostes.

17.5.14

Se prestares atenção, eu vou lá estar. Se sentires com minúcia vais reparar que sou eu que lá estou, que sou eu que te abraço todas as manhãs no quentinho da tua cama, enquanto ainda teimas em sair para o frio do novo dia; que sou eu que sentes no frio do chão com os pés nus enquanto caminhas pela casa, à espera que consigas abrir mais um pouco os olhos. Se conseguires ver além dos teus dedos, sabes que sou eu que me escondo por trás das cortinas, a vigiar-te enquanto tomas banho e se envolves no doce perfume do gel de banho. Se sentires as palmas dos teus dedos, sabes que em cada pedra das paredes da rua que fazes todos os dias debaixo do nosso sol ou das nossas gotas de chuva, sentes-me a mim, em cada risco e mágoa gravados naquelas paredes. Vês-me nos beijos roubados e nas corridas pela rua fora; vês-me nas mãos dadas por baixo da chuva e das línguas a saber a água e ao perfume da tua pele. Sou eu quem vês. Do outro lado, à tua espera, mas sem esperar demais. Deveria ter esperado mais? Estou lá, sem te dizer que estou, mas sabendo que sabes que estou, que sentes que estou. Em cada nuvem desenhada no céu. Em cada almofada fora do sítio na tua cama. Em cada raio de luz que teima beijar a tua pele e a queimá-la de paixão. Sou eu quem está lá e te beija todas as noites quanto já a tua consciência é nula e já te leva para longe de mim. Sou eu quem te toca ao de leve e te ouve gemer de saudade. Sou eu quem te ama. Se prestares atenção, eu nunca deixei que aqui estar. Eu nunca deixei de lá estar. Eu esperei, mais tarde esperei. O amor engana-se e desengana-se mas nunca deixa de amar. O meu amor ama-te. Se prestares atenção, o meu coração vai lá estar, de joelhos, por ti a implorar. Eu estou sempre lá. Eu estou sempre em ti.

Do teu.

A carta que não querias receber.

(Pois não.)

25.4.14

Lembro-me do cheiro a queimado. Era um cheiro forte, impossível de conseguir ser inalado sem reação. Lembro-me de sentir a impossibilidade de descrever qualquer face de dor ou angústia que senti, e não apensas vi, naquele lugar. Senti a maior dor que já há muito não sentia. Senti o céu a cair por cima de nós, sem justificação para alguém merecê-lo ou pedi-lo. Era pó o que via sobre o preto. Era vermelho o que via sobre o chão, e sobre o pó, e sobre o preto, e sobre os olhos. O que pensamos só nos nossos corações e pensamento ficam. Cada um sabe de si e toda a gente imagina que sabe de toda a gente. Mas inevitavelmente não. Era imundo o que se via naquele lugar e sentíamos revolta e angústia por nada fazer e por nada mudar! As mãos querem fazer mas ninguém deixa, ninguém permite, ninguém e nada muda... Nada muda agora. Agora é só viver o que ninguém quer viver. Deixar passar o que o tempo tão cedo não ou nunca irá curar. Queria dar um pedaço de mim para ser diferente. Tão novos, tão apaixonados pela causa, tão revoltante.

23 de Abril de 2014

15.4.14

Quero encontrar-te.
Quero encontrar-te e poder fechar-me dentro de ti, para nunca mais de ti separar-me.
Dá-me ar. Fura o meu pescoço, para que os meus lábios só sirvam para te beijar.
Oh doce licor de amor que transborda da tua língua e me afoga em desejo e vício. É o que tu és.
Vive para me ver respirar. Perde-te em mim. Faz-me gritar. O meu mundo é teu e por ti não deixa de girar. Só por ti.
Rasgo-te a pele e deixo-te em carne viva enquanto me mordes a pele e me amarras ao teu peito. Só te sei sentir a ti. Só sei sentir a tua música. O teu medo. Na minha cabeça mora o medo de me perder em ti e nunca mais a luz do dia encontrar. Na escuridão do vício não quero morrer. O meu coração abafa-me a voz da razão e mata-me as aos poucos com a loucura do teu nome. Fazes-me parar de respirar. O desespero é tanto que me sinto a arranhar a garganta para encontrar uma entrada para viver. Os meus lábios recusam-se a abrir, só para beber dos teus lábios o que mais quero saborear.
E vivo assim. Presa por um fio condutor ao motor que dispara sempre que te vejo. As palpitações são paralisantes. Sinto-me a parar.
Quero encontrar-te. Matar-te aos poucos como me fazes sempre que me dás a provar do teu veneno. Quero rasgar a tua pele, deixar-te em carne viva, escravizar as tuas veias e asfixiar-te no momento em que disparas de prazer contra mim, contra a parede onde me atiras contra. Se pudesses ler a minha mente era isto que encontrarias. Ódio por tanto de amar. Quero deixar-te sem ar. Gritos de prazer e dor, é sangue o que o meu amor transborda. O teu sangue louco a ferver de amor. Louco. Quero encontrar-te. Louca.

(Um completo estado de loucura que cresce na minha mente e escreve quando tem poder.)

13.4.14

Quando desci as escadas para ir ter contigo, já lá estavas encostado à parede, a trocar pedrinhas que estavam no meio da calçada. Deste conta dos meus passos apressados, estava atrasada outra vez, a saltarem pela rua, para contigo ir ter. O café era o mesmo, mas o ponto de encontro era diferente. Dava-te mais jeito, a mim também, o sol era o mesmo e o calor da tarde abraçava-nos aos dois. Sempre sentimos as coisas de forma diferente e única e talvez seja por causa disso que nos adaptamos sempre da mesma forma. Os sentimentos nunca se alteram e as zangas permanecem sobre as mesmas pedras. Os beijos repetem-se depois das zangas e as desculpas sucedem-se depois do amor. Fizemo-lo ontem, hoje e amanhã havemos de o fazer. O vestido era leve e acompanhava os meus movimentos. Os teus olhos trocaram o chão pela minha figura e esboçaste um sorriso, como se fosse a primeira vez e estivéssemos naquele café, embora agora sozinhos, escondidos no meio das ruas. Beijei-te o canto da boca, tu a minha face, num beijo entregue a mim, como se tu me pertencesses assim. Devo dizer que foi difícil perceber que era a sério, de novo, desta vez. Mas também não me importei, e resolvi fazer o que não tinha dito e viver-te outra vez. Vais e vens, mais vale aproveitar enquanto estás. O céu também não é azul todos os dias. Não há gelado todos os dias e come-se rapidamente enquanto não derrete nas mãos. As tuas mãos estão sempre sujas de carvão. O meu vestido já tem a marca do carvão gravado nas ancas. Mais vale aproveitar, sim. Amanhã já cá não estás, amanhã já não tenho carvão e amor sobre o qual escrever, amanhã já não me amas tu e amanhã já não nos amamos mais. Mas amanhã também não importa.

4.4.14

Já não te via há algum tempo, não é? Senti-me tão longe de ti. Não sei caracterizar este sentimento de bom ou mau, apenas sei que foi longa a noite. Conversar nunca foi o nosso forte. Acho que poderíamos ter ficado a noite a falar, sentados no sofá de cá de casa. Contares-me-ia como tem sido a faculdade, os últimos projectos e o início dos trabalhos e dos mercados. Estás um senhor. Deixaste crescer o bigode. Os beijos foram longos e custosos, porque o amor e a saudade agora magoam quando voltas sempre no meu coração a entrar. As tuas mãos tinham tinta, marcaste-me como nunca tinhas antes marcados. Os beijos longos na cama, as mãos dadas e as peles frias encostadas. Desabotoei-te cada botão da camisola, senti cada botão nos meus dedos, como se nunca mais contigo fosse estar. Senti as lágrimas a correrem-me na garganta, enquanto as tuas mãos tocavam nas minhas costas e me beijavas os ombros. Acho que nunca te amei tanto de forma tão magoada como nesta noite. Entreguei-me sempre a ti, sem nenhum arrependimento, mas desta vez não me quis mais magoar. As marcas são sempre grandes, as últimas cicatrizes nunca sararam e ficar a esperar por ti, depois de sempre o último suposto adeus, é extenuante. O nosso amor cansa-me. O nosso amor marca-me e deixa-me exausta. Quero amar-te sem nenhum limite, mas os limites fariam de nós o amor eterno que eu preciso, sem feridas por sarar. Quero-te que queiras-me como eu te quero a ti. E poderia esperar por ti a sonhar quando irias chegar. As esperas no café, as mãos a taparem os olhos e as surpresas. Quero voltar à nossa rotina do amor, sem limites de horas ou de amor ou de cama. Quero ser tua como sempre tu quiseste. Vais voltar? Daqui a quanto tempo? Diz-me. Mesmo se a ferida não sarar, eu faço-a não ter significado. Eu faço o amor não viver. Eu faço-o. Eu faço-o sem ti. 

No Sound But the Wind - The Editors

19.2.14

Encontrei-me a chorar por não te ter mais ao meu lado de novo. Encontrei-me a chorar por sentir que luz do sol não era suficiente para amar-te todos os dias de novo. Encontrei-me estendida a achar que a mágoa da despedida era água para novas vidas dentro de novos vasos na mesma terra. A terra nossa que dá vida aos frutos do amor nunca é suficiente para eles perdurarem. Vejo-os a morrerem e a nascerem novos como se fosse de novidade aquilo de que mais precisamos para amar. Eu preciso de ti, todos os dias, para amar! Preciso de ti de manhã, num beijo cheio de frescura das horas demasiado cedo do dia. Preciso de ti nas torradas, no doce de amora, do doce do café, no doce da palavra. Eu preciso de ti de tarde, nas horas ocupadas e nos beijos rápidos e sempre a fugir. Eu preciso de ti à noite, na despedida, no abraço, no amor. Consegues entender que estares aqui apenas "de vez em quando" não é suficiente? E encontro-me no chão a chorar, por não te ter, de novo, aqui ao meu lado.
Consegues? Então fica. Então está aqui de manhã, de tarde, de noite. Apaga-me o sal da cara, renova a terra, e planta uma árvore. Apenas uma. Ela é suficiente para durar anos e ficar cá mesmo depois de me ir. A morte é pura e renovadora quando o amor é assim: eterno. Fica. Não me deixes aqui. Não me deixes deitada no chão a chorar.

(Se me aproximar - Tiago Bettencourt e Márcia)