Queria-te a ti. Queria-te a ti no simples ato de querer. Queria-te a ti como um simples gesto de amor que quero que me queiras dar e que eu quero retribuir. Quero-te a ti. Às vezes mais e outras vezes menos, mas não importa, porque o amor tem sempre destas coisas. Não é certo. Ele quero que eu me queira querer dar mas nem sempre me quero dar e fico com o querer-me a mim. Houve momentos que não me quis a mim, porque sabia que tu tinhas levado o melhor de mim e porque eu sabia que era em ti que eu queria estar. Essa desculpa que o amor nos faz querer acreditar. Mas já não sei quantas quero e a quantas quero andar.
Queria ter-me a mim. Queria voltar a ter aquele menininha que tinha o que queria na ponta dos dedos e que te escrevia e amava dramaticamente, que escrevia-te como uma personagem real e física, que amava entre os lençóis, entre os raios de sol, entre as ondas do mar e o sabor a sal. Já sabes sobre o que mais gosto de te escrever, onde mais gosto de encontrar, que és quem eu mais gosto de escrever e amar. E ter esse amor nas pontas dos dedos, que borra o livro de tinta preta e risca vezes e vezes porque nem sempre o que é espontâneo se torna o mais certo e é o que encaixa nas linhas. Quero que sintas que eu sempre te escrevi com amor, transparência e sal, porque tal como gosto de ver o mar, gosto de tirar as cores e gravar o brilho da água salgada, também gosto de sobre ele escrever. E sobre ele fingir que me encontras e sobre ele nos amar.
Mas voltando ao querer. Eu nem sempre, quer dizer, eu quase sempre não sei o que quero. Isto porque, na grande maioria das vezes não gosto de escolher e sabe-me bem ter as duas coisas, ou é-me igual. Mas não gosto de decidir. Mas não gosto de ficar a ver, ou a esperar, ou que ninguém decida nada. Quero saber decidir, mas também falho na maior parte das vezes. Quero saber tanto acertar como tanto sei errar. E quero que percebas isso nesta carta de olá, Tiago.
Quero-te a ti Tiago. Porque sei que me queres. Porque sei que sou sempre mais feliz neste amor sem sentido, pouco real, nada fictício. Porque sei que querer-te a ti, entre as palavras e os desejos, é sempre mais fácil do que querer o real. O amor real é mau e terrível e prefiro dizer-te olá sempre. Porque quis o amor real e em nada valeu. Ele não me quis e no fundo sei que de ti, Tiago, o teu amor quererá sempre simplesmente o meu.
You're the one that I want - Julia Stones