28.6.13

Pegadas na areia. Só consigo pensar em pegadas na areia. Desenhadas na areia molhada e suavemente apagadas pela espuma salgada, vezes e vezes sem conta. Não consigo pensar em mais nada. Pegadas na areia, na areia molhada, onde nos deitamos e deixamos estar, à espera de ser levados pela espuma. Eu gostava de ser levada pela espuma, pela espuma salgada e fresca, para longe de mim mesma. Já me sinto a flutuar nesse mar salgado e azul, que reflete o céu que me cobre os sonhos e as mágoas. Pegadas na areia e estrelas no céu. São a melhor combinação deste verão que chama por mim e insiste em me levar para longe, para longe de mim mesma. E eu assim o desejo. Tal como desejo neste momento desenhar pegadas minhas na areia molhada, e voltar a desenhá-las, outra vez e outra vez, até elas nunca mais se apagarem. Vejo ao longe o areal castanho, irregular, tal como a pele das nossas mãos. Vejo do outro lado a linha do infinito que insiste em separar o mar do céu, que nasceram para ficar juntos para sempre, tal como as pegadas insistem em ficar na areia, mas o mar não as deixa marcar. E é o sabor salgado na nossa pele ao fim do dia que amámos. O sabor salgado e o moreno na cara e o cheiro a protetor que é pouco mas que fica sempre e é o cheiro a sol e a areia e a mar e a salgado. E é o sabor a salgado nos lábios e nos beijos que fica quando as pegadas na areia não conseguem marcar.