15.7.18

Ontem finalizei uma grande etapa da minha vida. Uma das etapas mais bonitas que tive a feliz oportunidade de viver e de aprender com ela. Ontem, após uma noite de risos, abraços, beleza, sangria e amizade, senti uma nostalgia triste. Sabem, quando olhamos à nossa volta e vemos as pessoas que nos acompanharam durante 6 anos, que trocaram connosco piadas secas, piadas negras, mas sobretudo gargalhadas que nos provocam dor de barriga, lágrimas e roncos barulhentos; que dançaram nas noites mais e menos académicas, ao som das mais diferentes músicas, cantaram refrões e partilharam sorrisos e coreografias nas pistas de dança e em frente ao computador ou à consola; que subiram e desceram rampas, a conversar sobre mil e um temas, mas sempre começando e terminando com comida; que partilharam mesas e auditórios, o stress dos exames e a frustração de estudar nesta escola; que te compreenderam sempre, te aceitaram como és e te protegeram das inseguranças, das incertezas e da tristeza que naturalmente surgiram neste percurso; que provaram as receitas sempre que quiseste treinar os teus dotes de chefe e que também estavam sempre prontos a buscar o frango de churrasco e as batatas de pacote; que te acompanharam nos vídeos da parvalheira, no karaoke e nas conversas aleatórias e de m*****; que foram contigo estudar para a biblioteca e fizeram pausas quando o estudo já não rendia mais; que te acompanharam nos passeios ao Bom Jesus, ao centro, a Guimarães, à praia, a Espinho, a Ponte de Lima, a Porto d'Ave, a Esposende, à discoteca, aos festivais; que estiveram lá e te estenderam sempre a mão, sem nunca te pedir nada em troca; que foram a tua casa, é difícil não sentirmos esta nostalgia triste. É difícil sobretudo por saber que já não vos verei todos os dias; por antecipar que o vosso bom dia, o vosso sorriso e o vosso olhar não estarão lá na normal rotina do dia-a-dia. 
A quem tornou isto mais fácil, o meu mais sincero obrigada. Obrigada por serem mais que colegas e amigos; obrigada por serem uma família para mim. Obrigada por tudo. (E vou acabar sendo cliché mas) Levo-vos para a vida toda. Vocês são o meu trevo de quatro folhas.
Até já.

A música responsável pela choradeira
 Trevo (TU) - Anavitória (ft. Diogo Piçarra)

5.7.18

(rascunhos das cartas que sempre te quis escrever)

No toque dos teus lábios eu senti paz. Estou a tentar lembrar-me daquele último beijo, daquele último toque. Houve momentos em que achei, muito honestamente, que iria esquecer-me do calor do teu corpo abraçado ao meu, mas frio, porque tinhas acabado de estar nas ondas daquele teu, nosso, mar. O calor do teu abraço, misturado com o frio gélido da água salgada daquele mar, a proteger-me do vento frio das 6 da manhã, era o meu escudo, o meu infinito. O tempo parava e a minha mente aclarava. Lembro-me de não lembrar-me de mais nada, de não pensar em nada, só de sentir aquele momento, aquele tempo, aquele abraço. E de nariz enroscado no teu peito, sentia os beijos no meu cabelo, na minha pele. E por momentos achei que já não sabia que sensação era esta e isso entristeceu-me tanto, mas tanto. Juramos nunca nos esquecer-mos um do outro, lembras-te? E na minha memória ter-me passado o pensamento que me tinha esquecido de ti, desse mar e desse abraço, só entristecia ainda mais este coração que te pertenceu por inteiro. Mas comecei por sentir a paz daquele beijo, daquele beijo de despedida, com menos sal do que aquelas manhãs de praia e surf, mas com tanta paixão e ainda mais amor. Porque o amor fez-nos crescer e deu-nos muito mais do que uma história bonita para compor estas páginas. Deu-nos paciência para aceitarmos os dissabores da distância e das paixões mal-amadas, ou mal-saboreadas. Deu-nos humildade para aceitarmos o egoísmo do outro e sabermos deixar partir quando assim tem de ser. Deu-nos um ideal de como o amor deve ser. Um amor sem paz não é amor. E nós sabemos isso porque na paixão já sentimos a guerra que muitas vezes incendeia as nossas artérias e cega-nos com desilusão e ingenuidade. No teu abraço eu era ingénua, mas era diferente... A paz que eu sentia, que me permitia ser ingénua, era diferente. E lembrar-me disso, lembrar-te de ti, deixa-me assim: feliz. Feliz, calma e ingénua, como se tivesse dentro do teu abraço. Aquele último beijo, a esconder um olhar mais triste, uma lágrima mais triste, foi o início de uma vida para nós os dois. E sou feliz por recordar-me de ti, dos teus beijos e dos teus abraços, sempre por inteiro, porque é assim que o amor deve ser, inteiro.

Leon Brigdes - Mrs.