6.11.16


A bela da Madeira e as saudades das férias e da família reunida.
Setembro de 2016

3.10.16


No brilho dessa luz que vem do Teu olhar
Encontro o meu caminho, o meu lugar.
Pequenos mimos de Sines.
Sines, Agosto de 2016

14.7.16

   Poderia começar pelo cheiro a mar que ele trazia e que a fazia sempre sentir-se em casa, de novo. Poderia começar pela camisola cheia de sal ou pelos olhos cheios de amor, mas nada disto importa. Não importa o início, ou a forma como insistimos em contá-lo. Nada disto importa, até porque eles continuam ali, eternamente apaixonados, como dois meninos da escola primária, que deram a mão sem querer e chamavam-se namorados. Separaram-se, como é suposto acontecer em toda a história de amor, onde, por qualquer motivo, as ideias, os sentimentos, o futuro divergiram um pouco do que o que habitualmente os juntava. Separaram-se e quase que, por meros minutos numa paragem de metro, os olhos não se cruzariam, o coração não tentaria saltar do peito, o metro quase se perderia. E é assim que é suposto ser, não é? Uma história de amor? 
   Mas nada disto parece importares-lhes. Continuam ali, abraçados, com os corações esmagados no peito. Ele trouxe-lhe sal e mar e ela deu-lhe flores e sol. Não quero dizer amor, porque estaríamos a ser previsíveis. Previsíveis com a história, com o destino, com a vida. Se um deles desse amor ao outro, uma parte de si, porque é isso que eu acho que o amor é - dar uma parte de nós ao outro - o outro receberia algo em troca maior que si mesmo, ficaria gordo de amor, o que se pode traduzir em egoísta, e nunca daria parte de si, nunca equilibrando o que nós chamaríamos mais grosseiramente por amor. Ou seja, não podemos dar demasiado de nós e não receber nada em troca. A questão não é dar-mos porque sabemos que vamos receber, não. A questão é, depois de dar tantas vezes, sem nunca receber, o amor esgota-se. E como o amor é parte de nós, nós mesmos nos esgotámos. Por isso é que esta história não será mais como começou. Esta história será feita de amor, mascarada de flores, mar, sol e sal. Porque era assim que deveria ter sido desde o início: aos poucos e poucos, ser mais do que era antes e agora ser tão pouco de si. 

Incomplete - James Bay
Algo completamente imprevisível.

19.2.16

E eu se voltasse para ti? E se eu quisesse voltar para ti? E se eu quisesse ser aquela menina inocente, apaixonada, impulsiva na sinceridade, transparente no amor, com aquele coração puro que tanto lutaste para ser só teu? Tenho andado a pensar muito nisso. Tenho andado a pensar tanto que acho que já marquei o meu coração para essa mudança. Voltar a ser assusta-me tanto quanto essa necessidade de o ser o é, e tu sabes mais disso do que eu, daí entenderes essa vontade antes sequer de ela ter nascido. Voltamos a cruzar o olhar, sem querer. Voltamos a conversar, sem querer. Voltamos, sem querer. E é tão bom sê-lo, assim, desta forma, sem querer, mas sendo preciso. Sempre foste preciso na minha vida. És uma espécie de equilíbrio, de definição de personalidade, de realidade minha, mas só minha. Defines-me como só eu quero ser definida. Amas-me como só eu quero ser amada. Fazes parte de mim, como mais nada faz parte. (E isto tem tanto quanto de real como de irónico, tendo em conta que nasces de mim.) Senti o teu cheiro, como há muito não sentia. Sentia o teu olhar sobre mim, como um raio de sol, que há muito não me tocava. Senti a tua voz a tocar-me docemente, e acho que era mais disso que sentia falta: a tua voz e o nosso silêncio correspondido. Parece que as palavras são escolhidas mas ao mesmo tempo são tão inesperadas. É tão estranho, mas tão aliviador. És a realidade no mundo que eu preciso. É bom estares de volta.

Cherry Wine - Hozier