19.2.14

Encontrei-me a chorar por não te ter mais ao meu lado de novo. Encontrei-me a chorar por sentir que luz do sol não era suficiente para amar-te todos os dias de novo. Encontrei-me estendida a achar que a mágoa da despedida era água para novas vidas dentro de novos vasos na mesma terra. A terra nossa que dá vida aos frutos do amor nunca é suficiente para eles perdurarem. Vejo-os a morrerem e a nascerem novos como se fosse de novidade aquilo de que mais precisamos para amar. Eu preciso de ti, todos os dias, para amar! Preciso de ti de manhã, num beijo cheio de frescura das horas demasiado cedo do dia. Preciso de ti nas torradas, no doce de amora, do doce do café, no doce da palavra. Eu preciso de ti de tarde, nas horas ocupadas e nos beijos rápidos e sempre a fugir. Eu preciso de ti à noite, na despedida, no abraço, no amor. Consegues entender que estares aqui apenas "de vez em quando" não é suficiente? E encontro-me no chão a chorar, por não te ter, de novo, aqui ao meu lado.
Consegues? Então fica. Então está aqui de manhã, de tarde, de noite. Apaga-me o sal da cara, renova a terra, e planta uma árvore. Apenas uma. Ela é suficiente para durar anos e ficar cá mesmo depois de me ir. A morte é pura e renovadora quando o amor é assim: eterno. Fica. Não me deixes aqui. Não me deixes deitada no chão a chorar.

(Se me aproximar - Tiago Bettencourt e Márcia)