15.2.15

Era escuro. Era escuro e nem a lua pediu para connosco ficar. Era escuro e nada conseguíamos ver. Só sentir. A minha pele sentia o calor da tua pele e os meus dedos frios percorriam as tuas costas com amor. Lembro-me de beijar-te o rosto e sentir cada pedaço teu como se fosse o último. Lembro-me de sentir a nudez como se fosse a única verdade que soubesse amar. O que a visão não consegue descobrir, os nossos sentidos conseguem ver, pensavamos nós assim. Amavamo-nos nós assim. Era escuro e eu sabia quem em ti estava o lugar onde eu queria estar. Delicados lábios, línguas com sede de sabor e amor, muito amor para amar. Era amor o que queria e o que eu sentia e o que tu tinhas para me dar. Era amor puro e simples, não deturpado pela luz, porque era escuro, e é no escuro onde eu vejo a verdade. Era escuro e foi em ti que eu adormeci, porque era escuro e nem a lua pediu para ficar. Adormeci no teu peito, quente, com o som do teu coração a embalar. Era escuro, E agora está escuro, e não te tenho aqui, não tenho onde ficar.

O Lugar - Tiago Bettencourt