Lembro-me do cheiro a queimado. Era um cheiro forte, impossível de conseguir ser inalado sem reação. Lembro-me de sentir a impossibilidade de descrever qualquer face de dor ou angústia que senti, e não apensas vi, naquele lugar. Senti a maior dor que já há muito não sentia. Senti o céu a cair por cima de nós, sem justificação para alguém merecê-lo ou pedi-lo. Era pó o que via sobre o preto. Era vermelho o que via sobre o chão, e sobre o pó, e sobre o preto, e sobre os olhos. O que pensamos só nos nossos corações e pensamento ficam. Cada um sabe de si e toda a gente imagina que sabe de toda a gente. Mas inevitavelmente não. Era imundo o que se via naquele lugar e sentíamos revolta e angústia por nada fazer e por nada mudar! As mãos querem fazer mas ninguém deixa, ninguém permite, ninguém e nada muda... Nada muda agora. Agora é só viver o que ninguém quer viver. Deixar passar o que o tempo tão cedo não ou nunca irá curar. Queria dar um pedaço de mim para ser diferente. Tão novos, tão apaixonados pela causa, tão revoltante.
23 de Abril de 2014
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