11.1.15

Olá. Decidi escrever-te. Decidi trocar os sentimentos e voltar a escrever-te. Escrever-te pelos bons e velhos tempos, entendes? Escrever-te. E escrever-te não tem sido tão natural como eu esperaria ser depois de toda nossa relação. Também entendes isso? Sempre que chego a casa e vejo o céu azul escuro e as velhas estrelas, lembro-me de ti e penso o quão feliz era saber que tu também olhavas para o céu como eu olhava e te apaixonavas como eu me apaixonava, sempre, sempre pelo mesmo, sempre pelo novo brilho daquela estrela. Entendes que sinto falta dos beijos eternos e sempre finais e o sol das caminhadas e das mãos dadas. Porque só tu entendias o quão ficcionada eu era e me acompanhavas nestes filme da tarde. Lembro-me de só ouvir-te respirar e de ficar a ouvir-te, assim, enquanto desenhavas e eu pensava, enquanto eu olhava e tu pensavas. Ainda hoje não sei o que pensei nem tu o que tu pensaste mas ambos entendemos que isso é eterno e segredo dos eternos apaixonados. Os dedos frágeis em pele quente e dedos salgados em areia quente e fria. Os olhos brilhantes e pupilas contraídas do sol da manhã. O quão era o meu preferido. Mas tu sabias que quando ele fugia, me dava sempre um motivo para não chorar: o céu laranja e vermelho. Ainda gosto do entardecer. Ainda gosto das luzes dos carros desfocadas à noite como papel de fundo da minha vida. Ainda gosto de ti. Sim, ainda gosto de ti. 

(Chet Faker - Talk Is Cheap (Acústico))

Sem comentários: